São Paulo – Em uma conversa reveladora com a Revista Eco, Felipe Pousada Prado, presidente da Associação de Empresários Galegos do Estado de São Paulo (Aegasp), compartilhou sua perspectiva e esforços contínuos para fortalecer os laços entre Galicia e Brasil. Nesta entrevista exclusiva, realizada no coração financeiro de São Paulo, Pousada discutiu a evolução da presença galega no Brasil, as oportunidades de negócios entre as regiões e como a Aegasp está trabalhando para abrir portas para as empresas galegas no gigante sul-americano.
Historicamente, a emigração galega no Brasil esteve vinculada à hotelaria e à restauração, mas, segundo Pousada, esse cenário mudou significativamente. “Hoje falamos mais de expatriados do que de emigrantes. Eles vêm para trabalhar em multinacionais ou grandes empresas, não necessariamente para estabelecer uma vida aqui”, explica. Isso marca uma transição do perfil do imigrante galego, destacando uma mudança nas intenções e na permanência no país.
Apesar dessa evolução, a comunidade galega ainda tem uma forte presença, especialmente em Santos, conhecida como “a Galicia brasileira”. Segundo Pousada, dados do Consulado da Espanha em São Paulo indicam que a maioria dos imigrantes galegos em Santos provém das províncias de Ourense e Pontevedra, tendo desempenhado um papel significativo na vida da cidade.
Sobre as relações atuais entre Galicia e Brasil, Pousada acredita que, embora importantes, elas poderiam ser mais profundas, especialmente no campo econômico. “Há grandes oportunidades no Brasil que Galicia poderia aproveitar muito melhor”, afirma. Destaca-se a demanda por produtos alimentícios de alta qualidade, como vinho, azeite, castanhas e peixes, onde Galicia tem um potencial significativo a oferecer ao mercado brasileiro.
Atualmente, menos de uma dúzia de empresas ligadas à Galicia têm presença significativa no Brasil, entre elas Abanca, Calvo e Estrella Galicia, que está construindo sua maior fábrica no interior de São Paulo, em Araraquara. Pousada vê potencial para expansão, particularmente no setor marítimo, onde Galicia poderia investir e gerar trabalho e riqueza tanto para si própria quanto para o Brasil.
A entrevista também tocou na vantagem da língua comum e na promoção da lusofonia como estratégia de relações internacionais pela Xunta de Galicia, visando facilitar a entrada de empresas galegas no Brasil. “Temos um idioma comum e um país, o Brasil, que é o segundo do mundo com mais galegos. É preciso aproveitar isso”, conclui Pousada, enfatizando a importância de fortalecer as conexões empresariais e culturais entre as duas regiões.
Felipe Pousada e a Aegasp continuam a trabalhar incansavelmente para promover e facilitar a integração e o sucesso empresarial galego no Brasil, aproveitando as oportunidades únicas que esta relação bilateral oferece.